Vá embora, por favor

E talvez, atendendo aos meus pedidos, Deus te mandou de volta, só de passagem, mas mandou.
Mandou aquele sorriso desconfiado, que nunca ninguém sabe se é verdadeiro, pra atormentar os meus sonhos todas as noites, como fazia antes.
Recebi assim, de presente, palavras bonitas. Pude sentir, dessa vez de verdade, o seu perfume, a fragrância com a qual tanto sonhei e que tanto desejei sentir de volta.
Mas não me senti bem, e confesso que um grande alívio tomou conta de mim quando você saiu porta a fora, tão rápido quanto entrou. Hoje, ainda não entendo o motivo de uma visita assim, tão repentina e com ela, uma volta tão sutil. Os motivos dos meus sorrisos já são outros, você, infelizmente, já não faz parte de nada.
Ontem a linda da Gabi Florêncio me mostrou esse texto. Realmente lindo. Como compartilharam-o comigo, estou aqui compartilhando com vocês.


Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência.

Vejo suas conquistas de longe, e vibro, com cada uma delas.
Vejo seus traços, passando lá longe, no escuro, e lembro do seu sorriso doce.
Eu fico feliz, mesmo triste, cada vez que você parece estar bem.
Assim, convivo com a distância e com as lágrimas da saudade, mas o que me deixa em paz, é saber que estás muito melhor sem mim.

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Frieza – Florbela Espanca 
Os teus olhos são frios como espadas,
E claros como os trágicos punhais;
Têm brilhos cortantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.
Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e o sol das madrugadas!
Mas não te invejo, Amor, essa indiferença,
Que viver neste mundo sem amar
É pior que ser cego de nascença!
Tu invejas a dor que vive em mim!
E quanta vez dirás a soluçar:
“Ah! Quem me dera, Irmã, amar assim!…”
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